
O Oscar já esta batendo à porta e a torcida pela estatueta cresce a cada dia. Este ano em pleno carnaval o Brasil está unido na torcida pelo merecido prêmio por nossa obra prima ‘Ainda Estou Aqui’, que já fizemos resenha por aqui. Além dele outras indicações merecem atenção. Nessa coluna Mariah nos traz Anora, outro forte concorrente, além de algumas dicas também do Oscar. Boa Leitura!
Anora: A Comédia Trágica de Sean Baker
Com sensibilidade e um olhar único, Sean Baker apresenta Anora, uma produção que transita entre o cômico e o drama. Embarcando em uma montanha-russa, o diretor revela com honestidade um exagero jovial, desmedido e sem consequências, porém, rodeado por um amor complexo e ingênuo. O longa conta a história de “Ani” (Anora), uma acompanhante de luxo, que conhece Ivan, filho de um oligarca russo, na boate em que trabalha. Por alguns dias, a stripper mergulha de cabeça em um conto de fadas, que compulsivamente, se torna um casamento. História considerada simples, mas arrebatadora nos detalhes.
Até onde iríamos por dinheiro? Ou melhor, a que ponto chegaríamos ansiando por escaparmos de nossas realidades? Anora se mostra um filme não apenas focado em ambição, mas também trata de algo maior; fugir para outro lugar. Enquanto assistia, notei o quanto os recém casados precisavam um do outro, não apenas por amor ou status, mas por buscarem essa saída de emergência. A obra sutilmente retrata como laços humanos podem se tornar transações emocionais. Ani quer estabilidade e uma fantasia que a afaste de sua rotina dura e imprevisível, enquanto Ivan deseja se distanciar dos pais e de suas pressões. Sean Baker conduz essa dinâmica com maestria, mostrando a cumplicidade entre os dois e o peso de suas escolhas.
Surpreendentemente humano. No decorrer da narrativa, o diretor inclui uma segunda testemunha na história, esta que observa Anora, não Ani, a acompanhante. Um espetáculo de sentimentalismo acompanhado de um humor ácido de se tirar o chapéu, regado por uma cinematografia delicada que permeia o minimalismo visual e a intensidade emocional. A câmera parece ser uma observadora silenciosa, utilizando movimentos suaves, o que dá um ar contemplativo às cenas.
Mikey Madison dá vida à Anora de forma deslumbrante e rica em detalhes, desde as cenas na boate até as quais se mostra frágil e destruída. A atriz concorre ao Oscar ao lado de Fernanda Torres entre outras igualmente importantes, mas em entrevista, ambas afirmaram que apoiam e amam o trabalho uma da outra. Mas não me leve a mal, torço para que a brasileira conquiste a estatueta.
“Anora” é, sem dúvida, uma obra que transcende expectativas, combinando humor, melancolia e profundidade emocional em um equilíbrio interessante. Com atuações poderosas, uma direção sensível e uma narrativa carregada de significado, o filme nos convida a refletir sobre as complexidades das relações humanas e os limites entre ambição e escapismo. Um filme que, mesmo com sua simplicidade aparente, encontra nos detalhes sua verdadeira grandiosidade.
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Estagiária
Supervisão Rogéria Gomes