
Reunindo cerca de 160 obras de renomados artistas negros do Brasil e dos Estados Unidos, a exposição “Ancestral: Afro-Américas” foi inaugurada nesta terça-feira, 3, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. Com direção artística de Marcello Dantas e curadoria de Ana Beatriz Almeida, a mostra celebra as heranças e os vínculos compartilhados entre os povos afrodescendentes brasileiros e norte americanos no campo das artes visuais, promovendo uma reflexão crítica sobre a diáspora africana. A mostra conta também com um conjunto de adornos comumente chamado de “joias de crioula”, indumentária usada por mulheres negras que alcançavam a liberdade no período colonial brasileiro, especialmente na Bahia, como forma de expressar sua ancestralidade, e uma seleção de arte africana da Coleção Ivani e Jorge Yunes, com curadoria de Renato Araújo da Silva. Os segmentos buscam
localizar, por um lado, as brechas em que a ancestralidade africana se fez presente durante o Brasil colonial, e, por outro, seus elementos na arte produzida em seu território de origem.
“A palavra ‘ancestral’ é comum tanto em inglês quanto em português. É essa origem compartilhada que buscamos evidenciar na arte contemporânea, algo que ultrapasse as barreiras geográficas, linguísticas e culturais. A exposição ‘Ancestral’ demonstra que, mesmo diante de tanta dor, sofrimento e com todo distanciamento de séculos de diáspora africana, sua arte persiste na capacidade de manter uma chama acesa ao longo do tempo”, destaca o diretor artístico da mostra, Marcello Dantas.
A exposição ocupará todas as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ com obras de artistas como Abdias Nascimento, Simone Leigh, Emanuel Araújo, Sonia Gomes, Leonardo Drew, Mestre Didi, Melvin Edwards, Lorna Simpson, Kara Walker, Arthur Bispo do Rosário, Carrie Mae Weems, Monica Venturi, Julie Mehretu, entre outros.
“Nós nos deixamos guiar pelos grupos e comunidades da diáspora africana que reimaginaram o conceito de servidão nessas nações coloniais para as quais foram trazidas, contribuindo de maneira significativa para a construção da identidade nacional desses lugares. A partir da ideia de seres humanos que reinventam sua existência em um ambiente hostil, selecionamos artistas que evocam essa invenção, essa transformação, e esse processo de ‘tornar-se’ como uma poderosa ferramenta, poética e estética”, ressalta a curadora Ana Beatriz Almeida.
Veja como foi a inauguração nas fotos de Marco Rodrigues.