
Estreou, no terceiro festival oficina de ópera 2025, Carmina Burana, de Carl Orf, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ).
Coro e Orquestra Sinfônica do TMRJ sob a direção musical e regência de Victor Hugo Toro. Ele conduziu com firmeza, deixando transparecer o equilíbrio e a harmonia entre o coro e a orquestra.
Carmina Burana é baseada no verso erótico de um antigo manuscrito chamado Codex latinus monacensis, encontrado num mosteiro da Baviera em 1803. O códice continha poemas em latim medieval, cuja autoria é atribuída aos chamados goliardos, grupo de homens pensantes formado por estudantes pobres que viviam em constantes viagens de uma cidade para outra.
Aqueles pensadores irreverentes, rebeldes e imorais, que faziam críticas ferozes a todas as classes sociais, além de defenderem os prazeres da bebida, do amor e do jogo, nao eram bem vistos naquele mundo medieval. Era um tempo em que o pensamento teocêntrico predominava e a hierarquia religiosa ditava as regras. Aqueles ousados, como os Goliardos, eram perseguidos e sofriam as piores punições. Mas as suas ideias que defendiam os diversos prazeres, associadas às críticas a Igreja católica, deixaram eco e se perpetuaram.
A ópera é estruturada em um prólogo, e dois atos.
O primeiro ato, “Primo Vere”, celebra a chegada da primavera e o renascimento da natureza. Bonita apresentação dos bailarinos em estilo clássico. Os figurinos apresentam tons claros. Cenografia com flores grandes coloridas. Bolas coloridas. Projeções ao fundo. Iluminação em vários tons.
O segundo ato é uma catarse geral. Vibrante, contagiante e emocionante. O público foi ao delírio! No ambiente da boate vários estilos coreográficos foram realizados e diversos agentes sociais estavam lá presentes, como as drags. Momento fuzarca!
O elenco é integrado por cantores de qualidade, ganhando destaque Michele Menezes, que representou a noite, com sensualidade e um canto bonito e eloquente; e o divertido e hilário cisne feito por Guilherme Moreira.
A coreografia criada por Bruno Fernandes e Mateus Dutra remete para a diversidade de estilos, indo do clássico aos mais diferentes estilos como vague, pole dance, burlesco, drag, passinho, pole dance, entre outros.
A direção cênica correta e adequada é de Bruno Fernandes e Mateus Dutra.
A cenografia bonita, de bom gosto e criativa é de Fael Di Roca e Matheus Simões.
Os figurinos coloridos e originais foram criados por Carlos Almeida e Carla Gleide.
A Iluminação criada por Jonas Soares é boa, apresenta um bonito desenho de luz, e utiliza diversas tonalidades de luz.
Carmina Burana é uma cantata cênica inspirada em versos medievais que apresenta uma montagem primorosa, vibrante e contagiante, e mescla música, balé e canto; elenco de qualidade; e figurinos, cenografia, coreografia, iluminação e coro que estão conectados, e formam um belo conjunto.
Excelente produção cênica!