

Eleito pelo povo, no dia 3 de outubro de 1960, com 42% dos votos nominais, para o cargo de vice-presidente da República, João Goulart, do antigo PTB getulista, teve, proporcionalmente, mais votos do que o candidato à presidência da República, Jânio Quadros, do PTN.
Jango era popular, tinha o apoio do povo, dos estudantes, professores, funcionários públicos, de uma parte da classe média e, até mesmo, de empresários, representados, no período em que foi presidente da República, pelo ex-deputado Fernando Gasparian, que, na época, era o presidente da FIESP, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Quando assumiu a presidência da República, em 7 de setembro de 1961, João Goulart foi obrigado a concordar com o regime parlamentarista, imposto por pressões do Congresso e das Forças Armadas.
A emenda parlamentarista foi assinada no dia 2 de setembro de 1961.
Meu pai, João Pinheiro Neto , ex-ministro do Trabalho de João Goulart e ex-presidente da Supra , achava que o parlamentarismo limitava os poderes de João Goulart, na presidência da República.
A chefia de governo era exercida pelo primeiro-ministro.
Quando tomou posse, o primeiro-ministro de João Goulart era Tancredo Neves, que ficou ao lado de Getúlio Vargas, quando ocupou o ministério, no governo eleito em 1950.
Tancredo ficou de setembro de 1961 até junho de 1962.
Depois, vieram Brochado da Rocha, de julho a setembro de 1962, e Hermes Lima, de setembro de 1962 a janeiro de 1963.
João Pinheiro Neto e outros amigos, políticos e militares progressistas lideraram a campanha para a realização imediata do Plebiscito, o referendo popular que decidiria sobre qual seria o sistema de governo, no Brasil.
Quando foi aprovada a emenda parlamentarista, na véspera posse de João Goulart, em setembro de 1961, o projeto de lei previa a realização do Plebiscito somente em 1965.
O parlamentarismo enfraquecia, de certa forma, a classe política.
A convite de meu pai, que promovia encontros políticos com os históricos daquela época, no apartamento em que vivia com minha mãe, Leda Pinheiro Neto, e a família, alguns históricos se movimentaram em defesa do presidencialismo.
Nos arquivos de João Pinheiro Neto, organizados por minha mãe, encontrei recortes de colunas de jornais e revistas. Com fotos e notícias sobre os líderes do presidencialismo.
Além de meu pai, também participaram dos encontros em defesa do presidencialismo, o inesquecível ex-presidente Juscelino Kubitschek, Fernando Gasparian, presidente da FIESP, o General Nelson de Melo, então, ministro Guerra, o empresário da Bangu, Guilherme Silveira, entre outros.
Graças à enorme mobilização da sociedade civil de setores nacionalistas das Forças Armadas e de parte da imprensa, o plebiscito foi realizado em 6 de janeiro de 1963.
O resultado nas urnas foi um sucesso.
O presidencialismo teve vitória esmagadora.
Quando atuou como ministro do Trabalho, meu pai, João Pinheiro, incentivou os trabalhadores rurais e da cidade a buscarem os sindicatos.
O apoio dos sindicatos na campanha pelo presidencialismo também foi muito importante.
De certa forma, todos festejaram a vitória do presidencialismo.
Juscelino Kubitschek ( PSD), Juraci Magalhães (UDN) e Leonel Brizola (PTB), que eram candidatos à presidência da República, nas eleições 1965 ( abortadas pelo golpe militar de 1964), juntaram-se, pela primeira vez , naquela inesquecível campanha pelo voto ” Não “, ao parlamentarismo. Viva o presidencialismo!