
Reconhecida por seus trabalhos pictóricos, com expressiva trajetória construída a partir de elementos geométricos e cores sólidas, em “LUCIA VILASECA: Outras possibilidades”,a artista revisita a fronteira entre figura e palavra. Na exposição individual que será inaugurada no dia 9 de outubro, na Galeria Patrícia Costa, Vanda Klabin seleciona obras inéditas produzidas entre 2022 e 2025, “configuradas com base em uma gramática visual mais complexa, própria de uma linguagem musical, pois são fragmentos de imagem e sons, como um contraponto”, na definição da própria curadora e historiadora.
Apropriando-se livremente de trechos do livro de canções musicadas do escritor irlandês James Joyce, “Música de Câmara” (“Chamber Music” no título original, publicado em 1907), Lucia Vilaseca propõe uma leitura visual que amplia o olhar, invadindo outras camadas em suas representações, materializando o ritmo.
“As palavras, muitas vezes, estão presentes nos trabalhos que faço. Tive a oportunidade de ler o livro Ulysses com um grupo de leitura e decidi introduzir fragmentos dos trechos em um projeto qua já estava em produção. Tive que me dedicar muito e fui me apaixonando tanto por James Joyce que, às vezes, sentia sua presença no meu ateliê. Estava completando essa série de pinturas e achei que poderia prestar homenagem a esse escritor que tanto admiro, diz Lucia Vilaseca.
Há quase dez anos, em 2016, Lucia e Vanda trabalharam juntas pela primeira vez, em uma de suas duas individuais mais recentes. Nesta exposição, que poderá ser visitada até o dia 9 de novembro, serão mostrados apenas trabalhos de produção recente, a maioria utilizando a técnica de acrílica sobre linho e sobre lona.
“A produção pictórica de Vilaseca está ancorada em um itinerário estético, tendo a linguagem construtiva como eixo condutor dos trabalhos, que apresenta os mais diferentes vocabulários de técnicas e procedimentos. Expande a latitude de seus procedimentos pela adição e junção de elementos geométricos; mescla elementos antagônicos no seu corpo de trabalho e ativa o campo visual através de um ritmo que se nutre da relação entre cor, luz e forma. A inserção de letras traz novas coordenadas e uma plasticidade muito particular aos seus trabalhos que ganham nova solidez cromática. As cores abandonam as áreas, o plano se torna monocromático e ativa um novo campo de emissão poética, agora pela presença de algo necessariamente contemplativo e intimista. Essa redução cromática forma unidades intensas que potencializam uma luminosidade pelo adensamento pictórico e instauram uma espécie de silêncio, uma dimensão reflexiva, um novo continente de trabalho”, afirma a curadora de arte Vanda Klabin.