
Criada no fim da década de 80 para cuidar do acervo de Vinicius de Moraes, a VM Cultural vive uma nova transformação: a empresa agora chama-se Kabuletê. O objetivo da família com o novo nome é preservar, atualizar, valorizar e disseminar a obra do artista. A mudança foi celebrada com uma festa na noite desta terça-feira, 21, na Casa Camolese, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio. Artistas, músicos e escritores marcaram presença.
A cantora Mart’nália, que em 2019 lançou um álbum com músicas de Vinicius, subiu ao palco para cantar composições como “Samba da bênção”, “Eu sei que vou te amar” e “Onde anda você” – a apresentação teve participação especial de Mariana de Moraes. A DJ Tata Ogan animou a noite depois do show.
“Sempre cantei Vinicius de Moraes, ele é quem melhor fala sobre a mulher. Ele amava as mulheres, isso sempre me cativou”, analisa Mart’nália, que venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode em 2019 com o tributo a Vinicius.
O cantor Jards Macalé lembrou que a relação com Vinicius começou quando ainda era adolescente.
“Estou aqui como parceiro dele. O Vinicius reunia a garotada e ficava nos alimentando de poesia. Era um homem generoso, distribuía sua humanidade para todos nós. Quando tinha 15 anos, queria imitá-lo e fiz minha primeira música. Foi gravada por Nara Leão e me marcou tanto que coloquei no disco que lancei no ano passado”, conta Macalé, que fez com Vinicius o poema “O mais que perfeito”.
Já a atriz Patrícia Pillar, que em 1983 fez o filme “Para viver um grande amor”, baseado em “Pobre menina rica”, musical de Carlos Lyra e Vinicius, destacou a brasilidade do artista:
“Ele reunia o melhor do Brasil, tinha a percepção do que é de fato o país. Essa habilidade faz com que ‘Pobre menina rica’ seja até hoje uma história absurdamente contemporânea. Vinicius era aberto a entender o ser humano, aceitava as diferenças. Por isso transitava tão bem por todos os lugares”.
Durante a festa, um telão exibiu imagens raras e frases de Vinicius, além de desdobramentos de sua obra no cinema, na literatura, na poesia, na música e no segmento infantil, entre outros. Além disso, mostrou o caminho para a construção da nova marca.
“Queríamos um nome mais sonoro, musical. Quando o Vinícius criou a empresa com o Toquinho, chamou-a de Tonga. Pensamos em mil nomes, mas parece que Kabuletê estava guardado esperando”, diz Georgiana de Moraes, filha do artista: “Essa é a essência do Vinicius, que está sempre se renovando”.
Fotos Cristina Granato