
New brazilian currency - one hundred Real.
Por Henrique Pinheiro – Economista e produtor executivo de cinema – Colunista convidado.
Após alguns meses tentando me recompor da quebra da Coroa Brastel, percebi que parar não era uma opção. Diferente do meu pai, que teve seus direitos políticos cassados e ficou impedido de atuar por vinte anos, eu ainda tinha o direito — e a obrigação — de voltar ao mercado.
A pressão dos clientes era constante.
A pressão dos clientes era constante.
Muitos tinham perdido suas economias inteiras nas letras de câmbio da Coroa, sustentados por uma esperança difusa de que, ao final da liquidação, sobrariam recursos para saldar as dívidas.
Era ilusão.
Ao fim do processo, os credores receberam pouco mais de 30% do valor investido. Naquele tempo, não existia Fundo Garantidor de Créditos. Não havia rede de proteção, nem discurso de estabilidade. Havia perda — e silêncio.
Minha decisão foi simples. Eu só queria trabalhar em uma instituição acima de qualquer suspeita. Foi quando, mais uma vez, meu pai entrou em ação.
Minha decisão foi simples. Eu só queria trabalhar em uma instituição acima de qualquer suspeita. Foi quando, mais uma vez, meu pai entrou em ação.
Ligou para o presidente do Banco Safra, amigo de longa data. O leitor já deve ter percebido: naquela época, quase tudo se resolvia por relacionamento. Ter nascido bem, circulado nos ambientes certos, vivido na bolha carioca — isso fazia diferença.
Hoje o Brasil avançou um pouco, especialmente com políticas de acesso à universidade. Mas ainda estamos longe da igualdade. Naquele tempo, era muito pior.
Após uma conversa breve, fui encaminhado a um diretor do banco. Ele foi direto, quase seco:
“A gente vale pelo que produz”.
A frase me marcou. E, não poderia haver instituição mais coerente com essa lógica.
Após uma conversa breve, fui encaminhado a um diretor do banco. Ele foi direto, quase seco:
“A gente vale pelo que produz”.
A frase me marcou. E, não poderia haver instituição mais coerente com essa lógica.
O Banco Safra carregava uma tradição secular. Judeus libaneses de Alepo, seus antepassados financiaram caravanas na Rota da Seda. De uma pequena casa bancária no Oriente Médio, o grupo se expandiu pelo mundo graças à genialidade de Edmond Safra, responsável pela internacionalização do banco.
A cobrança era dura. Pouca conversa, muita exigência. O ambiente era árido, quase hostil — mas sólido. Para minha formação, foi perfeito. Estar em uma instituição robusta me devolveu algo raro naquele momento: Paz.
Tive sucesso. Para quem havia vendido letras da Coroa Brastel, vender Safra era quase simples. Mas a pressão incessante, a lógica do dinheiro acima de tudo, começaram a me incomodar. Eu não queria aquele ritmo de vida.
Foi, então, que um amigo querido da adolescência me falou de uma possível vaga no Banco Boavista. Um banco familiar, da família Guinle, ligada à concessão do porto de Santos. Pela primeira vez, não haveria o “QI” do meu pai. Seria um passo sozinho.
Mas, essa história fica para o próximo capítulo. Eu tinha apenas 24 anos.
A cobrança era dura. Pouca conversa, muita exigência. O ambiente era árido, quase hostil — mas sólido. Para minha formação, foi perfeito. Estar em uma instituição robusta me devolveu algo raro naquele momento: Paz.
Tive sucesso. Para quem havia vendido letras da Coroa Brastel, vender Safra era quase simples. Mas a pressão incessante, a lógica do dinheiro acima de tudo, começaram a me incomodar. Eu não queria aquele ritmo de vida.
Foi, então, que um amigo querido da adolescência me falou de uma possível vaga no Banco Boavista. Um banco familiar, da família Guinle, ligada à concessão do porto de Santos. Pela primeira vez, não haveria o “QI” do meu pai. Seria um passo sozinho.
Mas, essa história fica para o próximo capítulo. Eu tinha apenas 24 anos.
Uma carreira curta, intensa — curiosamente parecida com a do meu pai nos poucos, porém decisivos, anos em que participou do governo Jango.



