
O cantor e compositor Eric Max lançou nesta segunda-feira, 29, o single “Encanta Não”, faixa que encerra oficialmente o primeiro ciclo do Ixé Pop Amazônico — projeto autoral que vem sendo apresentado ao longo de 2025 e que propõe uma nova linguagem para a música pop brasileira a partir de referências amazônicas, urbanas e encantadas.
Depois de “Rio Negro”, música lançada em setembro de 2025, e “Mucura”, em novembro último, “ Encanta Não” surge como um último mergulho antes da virada: uma canção que sintetiza a pesquisa estética, sonora e simbólica desenvolvida pelo artista nesse primeiro momento de sua obra.
A composição nasce de uma escolha conceitual clara: falar do encantamento a partir da negação. Em vez do convite direto ao “se encantar”, Eric opta por tensionar o desejo, explorando o limiar entre atração, recuo, sedução e orgulho, sentimentos muito presentes no imaginário amazônico.
“Eu sempre tento fugir do clichê. Pensei: e se, ao invés de dizer ‘se encanta’, eu dissesse o contrário? O ‘encanta não’ talvez desperte mais desejo pelo encantamento do que o convite óbvio”, explica o artista.
A música dialoga com diferentes camadas de encantamento: o mítico, o afetivo, o erótico e o simbólico. Referências às mitologias amazônicas, especialmente ao mito do Boto, atravessam a narrativa como metáfora do amor, da sedução, da paquera e de uma “safadeza encantada”, marcada mais pela sugestão do que pela entrega.
“Existe um jeito amazônico de se relacionar com o desejo. Às vezes os dois estão apaixonados, mas nenhum se entrega. É o ‘não me encanta não, porque se encantar, eu vou’. Isso fala de independência, orgulho e também de medo de se perder no outro”, diz Eric.
Musicalmente, “Encanta Não” transita pelo pop tropical amazônico, incorporando influências assumidas do funk carioca — especialmente de sua força simbólica e política — sem se tornar um funk tradicional. A batida aparece de forma leve, condensada, quase ritualística, criando o que o artista define como um “funk encantado”.
“Não fiz um funk carioca. Fiz a minha versão, amazônica, encantada. Essa mistura de elementos é o centro da minha pesquisa.
“Encanta Não” é um single pop, quase uma demonstração do que vem depois no álbum”, afirma.
O videoclipe, que acompanha o lançamento, reforça essa identidade conceitual. Inicialmente pensado como um grande banquete dionisíaco amazônico, com muitos corpos e um ritual coletivo, o projeto foi ressignificado para uma proposta minimalista e simbólica, sem perder potência estética. Gravado em dois cenários, numa pequena cachoeira, onde a pedra ganha protagonismo, e num estúdio que reproduz um igarapé encantado, o clipe traz apenas três personagens em cena. Eric Max e os atores Ismael Queiroz e Regiane Pereira, deuses encantados amazônicos em diálogo com a mitologia clássica: Dionísio, Afrodite e Apolo fundidos às figuras do Boto e da Iara.
“Encanta Não” é menor em forma, mas grande em conceito. É isso que eu quero construir artisticamente”, resume Eric.




