
A coletânea é composta por 20 contos, divididos em duas partes: Estrada Orgânica, com seis textos, e Estrada Cibernética, com 14 narrativas. No início do conto que dá título ao livro, a autora pergunta onde estará a verdade. Ao mesmo tempo em que ela [talvez] busque tal resposta, nos dá, através das narrativas, psitas do seu paradeiro – ou mesmo se ela existe. A liberdade – criativa e estilística – é um dos pilares da escrita de Lívia Machado. Ela não somente acata a sugestão de Virginia Woolf (de que toda mulher deve produzir sua autoficção) como a subverte ao ir além do seu próprio mundo.
Ao mesmo tempo em que a autora leva o leitor às paisagens rurais e montanhosas de Minas, ela mistura invenção e memória (salve, Cony!) como em “Androide paranoica”, no qual uma menina tenta alçar voo do telhado de uma vizinha. A carga imagética oferecida ali é comovente e nos remete às peripécias d’“O menino no espelho”, de Fernando Sabino (1923-2004), não à toa mineiro como Lívia.