
Quando procuramos no Google o nome de Oskar Metsavaht, ele aparece como um artista brasileiro, formado em medicina, designer de moda ativista ambiental e guardião da Amazônia.
Quando ele se apresenta – como foi na palestra que ministrou no VII Congresso Internacional de Direito da Moda, que aconteceu na OAB/RJ em final de novembro, diz se considerar um observador do humano e um visionário de práticas socioambientais.

Como diretor de criação e estilo da Osklen – uma grife de vestuário e calçados, de prestígio internacional, voltada para o público masculino e feminino e que tem como característica misturar conceitos tecnológicos com a natureza em seus produtos –, Oskar, gaúcho de Caxias do Sul, é um autodidata em design. No final dos anos 1990, a Osklen criou uma camiseta feita com cânhamo, fibra resistente na qual não foram utilizados compostos químicos em sua criação. Foi a primeira peça de roupa sustentável da grife. Desde então, suas camisetas são as “bandeiras” de sua marca.
Em 2006, Metsavaht criou o Instituto–E, uma organização social voltada à promoção de questões ambientais e, em 2008, a Osklen foi apontada como “Future Maker” pela World Wide Fund for Nature do Reino Unido (WWF-UK).
O trabalho de Oskar expressa o tema da preservação da floresta, da água e do empoderamento e proteção dos povos da floresta, como artista, designer e ativista.
Para ele, a moda é comportamento que antecipa movimentos, decodificando objetos de desejos. Mas é também uma economia circular que gera empregos e renda. E é com essa ideia que aposta na sustentabilidade não só como uma questão ambiental, mas que provoca o desenvolvimento de uma cadeia produtiva – com o comprometimento de comunidades.
Oskar afirma que a logística dessa cadeia econômica é muito complicada. O produto final é uma provocação para o design e tem valores agregados, o que o torna caro em relação a outros do mercado. Ele dá o exemplo de como é reunir num produto, o trabalho de captar os recursos naturais, como o dos pescadores da Amazônia e reciclar a borracha para a construção de um tênis feito à mão, com couro do peixe pirarucu e solado de borracha. Outro produto citado é um tênis com a juta da Amazônia, uma matéria-prima produzida às margens dos rios que dispensa a utilização de agrotóxicos e fertilizantes, com solado de látex natural extraído de maneira sustentável de seringueiras das regiões do Xingu e Tupi-guapor. Vale lembrar que os produtos são desenvolvidos no estúdio de design no Rio de Janeiro.


Para Oskar, esse é o novo luxo que invade a cadeia de produção, e vê essas ações como a democratização da cultura de moda. E alerta que os preços serão menores quando tiverem escala de produção – e consequentemente de um maior consumo.
Outro ponto muito importante para Metsvath é a ética que vai unir, na cadeia toda, os elos econômicos e sustentáveis. O processo de transformação, valoriza a autoestima das comunidades que conseguem visualizar a sua cultura original, com melhor qualidade de vida. O cliente, por sua vez, tem que ter a legitimidade do produto final. Para Oskar, “moda é a regulação da própria sociedade e a ética ajuda a transformar essa sociedade”.