
Brinquedo de furar moletom, porta aviões
Ele é um dos expoentes do novo momento da arte brasileira, que repensa a história oficial do Brasil. “Aqui é o fim do mundo”, em cartaz a partir de hoje, no Museu de Arte do Rio – MAR -, traz uma panorâmica da trajetória de 15 anos desse paulista, e reúne mais de 40 obras, dentre elas quatro criadas especialmente para essa exposição. A curadoria é de Marcelo Campos e Amanda Bonan.

Jaime Lauriano já participou de oito mostras no MAR, inclusive como curador de uma delas, mas pela primeira vez reúne trabalhos produzidos entre 2008 e 2023. “Minha produção está bem mais madura, com mais complexidade nos temas abordados e no uso de materiais. É importante para mim reunir tantos trabalhos, de períodos diferentes, e apresentar também para o público e para as novas gerações de artistas esse recorte, porque o que faço está muito interligado com o compromisso de pensar e fazer uma nova história do Brasil”.
As quatro obras inéditas são as pinturas: “Invasão da cidade do Rio de Janeiro” (2023), “Na Bahia é São Jorge no Rio, São Sebastião” (2023), “Afirmação do valor do homem brasileiro”, “Experiência concreta #9 (roda dos prazeres)” (2023) e o vídeo “Justiça e barbárie #2” (2023).
Outras obras expostas pela primeira vez são “E se o apedrejado fosse você? #3” (2021), desenho feito com pemba branca – giz usado em rituais de umbanda-, e lápis dermatográfico sobre algodão; “Bandeirantes #1” (2019), Bandeirantes #2 (2019) e “Bandeirantes #3” (2022), são miniaturas de 20cm de monumentos em homenagem aos bandeirantes, fundidas em latão e cartuchos de munições utilizadas pela Polícia Militar e pelas Forças Armadas brasileiras, sobre base construída de taipa de pilão.

Sua motivação artística vem do interesse em investigar, antes de tudo, a própria história pessoal. “Com o passar dos anos isso foi se tornando uma história social coletiva do Brasil, em que muitas pessoas tinham histórias semelhantes às minhas, dos excluídos e dos marginalizados socialmente. Daí assumi que eu precisava falar de minha história para que outras pessoas se identificassem com ela, e conseguissem elaborar seus próprios traumas, através dessa elaboração coletiva desse trauma chamado Brasil”.
Sobre sua primeira exposição panorâmica ser no MAR, ele diz: “O MAR apostou no meu trabalho ainda em 2015, mesmo ano em que a Pinacoteca do Estado de São Paulo também comprou uma obra minha. Mas diferentemente de outros museus, o MAR coleciona meu trabalho, acompanha minha trajetória, e é a coleção pública que mais tem trabalhos meus, com mais de dez obras. A importância de estar nesse Museu é também a valorização desse acervo, de uma política de colecionismo, e minha primeira panorâmica não poderia estar em outro lugar que não o Museu de Arte do Rio”. Aos 38 anos, Jaime Lauriano define muito bem o seu senso de liberdade social e encontrou seu espaço na arte.
A mostra integra a programação de dez anos do MAR!

Serviços:
Jaime Lauriano – Aqui é o fim do mundo
Museu de Arte do Rio – MAR- segundo andar
Abertura: 28 de abril de 2023, até 1 º de outubro de 2023
Praça Mauá, Centro, RJ
A bilheteria do museu funciona de quinta-feira a domingo das 10h30 às 17h, sendo possível permanecer no Pavilhão de Exposições até às 18h.
Ingresso: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia).
agendamento@museudeartedorio.org.br ou +55 (21) 3031-2742