
JP – Olá Gabriella! O tema da menopausa é um tema importante para a saúde da mulher. E você tem se preocupado com o assunto. Por que esse é um tema relevante?
Eu considero que a menopausa ainda é um tema muito pouco discutido pelos profissionais de saúde. Além disso, muitas mulheres costumam procurar o dermatologista antes mesmo de consultar o endocrinologista ou o ginecologista, justamente por serem muito impactantes as alterações que ela começa a perceber na pele. Ou seja, considero que eu possa ser uma chave para que ela reflita sobre este período tão especial.
JP – Existe uma política pública de saúde para tratar a menopausa?
interessante esta pergunta. Hoje em dia, consegue-se Viagra no SUS para tratar impotência sexual masculina. Entretanto, não se discute sobre a possibilidade de reposição hormonal numa fase tão importante.
A menopausa afeta diretamente a vida útil da mulher.
Em uma pesquisa feita no Reino Unido com mil mulheres, 45% delas possuem impacto no trabalho por sintomas relacionados à menopausa. E 47% delas precisam permanecer em casa por conta sintomas da menopausa e não comentam o fato ao seu chefe. As mulheres na idade de menopausa fazem uma enorme contribuição para força de trabalho ativa. Mas, de acordo com a Fawcett Society, uma em cada dez mulheres abandonam seu trabalho por conta da menopausa. Mulheres com filhos ainda pequenos, nesta etapa de vida, entre demandas triplas de trabalho, seu emprego, cuidado com as crianças e cuidados com os pais idosos. É essencial fazer um programa social que atenda esta etapa da vida.
JP – Quando você começou a se interessar pelo estudo da medicina?
Quando comecei a sentir as primeiras alterações em mim e também por entender que, para ter melhores resultados estéticos, na minha profissão, preciso saber como está a reserva de colágeno da pele do meu paciente. Se estiver na menopausa, perde-se 30 % deste colágeno nos primeiros cinco anos. O que é muito.
JP – Você cursou Medicina na Universidade Federal Fluminense. Comente sobre essa experiência, o curso em si, os professores, o ensino, a parte prática, entre outros assuntos que considerar pertinentes.
Fiz medicina na Universidade Federal Fluminense(UFF). Meu currículo era novo, a gente ficava dois anos em internato e fazia um trabalho de campo, auxiliando umas famílias, e isso foi muito interessante. Eu, particularmente, trabalhei, por dois anos, em uma bolsa de iniciação científica na qual eu cuidava de crianças e adolescentes dependentes químicos no Barreto, projeto da Fundação da Infância e da Adolescência (FIA) e foi muito interessante. Eu tinha uma grande associação com a psiquiatria e a psicanálise, Quando eu terminei a faculdade, eu optei por fazer clínica médica, pois queria ter uma visão geral do ser humano e, só depois, fiz a residência em dermatologia.
JP – Como você avalia o exercício da profissão médica no Brasil? O profissional da área médica é devidamente valorizado e respeitado?
A profissão está sendo cada vez mais desvalorizada, muito porque temos muitos profissionais médicos, apesar do Programa Mais Médicos, a grande maioria prefere ficar nos grandes centros, já que médico precisa de uma grande assistência ao redor dele, como hospital, leitos, equipamentos. O que acontece é termos um mercado saturado nos grandes centros.
JP – Você é uma médica que se dedica ao campo da dermatologia. Neste último, qual é a área a qual você se dedica?
Eu adoro a dermatologia, não só trabalho com estética como trato patologias. Na minha área, eu sou referência em bioestimulador colágeno, que trabalho há 20 anos, mas também faço muita toxina botulínica, preenchedores e tecnologias, como fotona, Ultraformer MPT e endolaser.
JP – Por que você opta nos tratamentos estéticos faciais pelas intervenções não-cirúrgicas?
Eu opto por tratamentos estéticos faciais com intervenções não-cirúrgicas porque observo que os pacientes não têm tempo para fazer o pós-operatório em repouso. As pessoas não querem mais separar um espaço na agenda para a cirurgia e precisam de intervenção rápida e eficaz. Os pacientes acabam optando por pequenas intervenções estéticas não-cirúrgicas.
JP – Quais são as suas referências teóricas e práticas no campo do rejuvenescimento facial e corporal?
Eu sou muito estudiosa e estou sempre lendo os principais artigos científicos e, além disso, frequento cursos e congressos para me atualizar.
JP – O exercício da prática médica comporta diversas modalidades como a clínica, o hospital, o ensino, palestras, entre outras. Você se insere em todas essas práticas médicas ou apenas em algumas delas? Justifique.
Eu me insiro em todas as práticas, Eu trabalho no hospital como dermatologista, fui chefe de serviço do Hospital dos Bombeiros por algum tempo e trabalho lá há 20 anos, Trabalho no meu consultório particular, dou muitas palestras, trabalho para a Sociedade Brasileira de Dermatologia, sou referência nos bioestimuladores, dou aula para outros colegas e sou speaker de laboratório.
JP – Quais são os seus projetos futuros? E, para finalizar, deixe uma mensagem para os seus clientes.
Meu projeto é continuar trabalhando com o “Menopausa sem pausa”, pois, infelizmente, ainda tem muito pouca informação sobre o assunto e sinto, por parte de muitos colegas, que não querem prescrever hormônios. Muitas mulheres não entendem os sintomas, acham que estão com burnout ou deprimidas. Como médica, acho importante terem conhecimento e conversaram com seus médicos sobre vagina seca, mudanças na libido e no sono, o estresse no trabalho. Outros projetos são ensinar os colegas a atender bem o paciente. Muitos médicos fazem muito instagram e não sabem se portar na frente do paciente. Essa geração é muito volátil em termos de mudança de médico, se não pegar um médico que tenha conexão, não chegam ao diagnóstico correto. O meu projeto de mentoria é apresentar técnicas de conduta e fidelização.