
A coluna não para. E essa semana vamos falar de movimento. Minha entrevistada é a diretora-coreógrafa-bailarina na Cia da Ideia Sueli Guerra, que tem em seu currículo espetáculos como: “Tim Maia, vale tudo”, “Freud, a última sessão”, “Batalha de arroz, um ringue pra dois”, “Pequenas tragédias”, entre muitos outros. Sueli fala da importância de Dalal Achcar, de sua especialização no método Royal e muito mais. Confira!
JP – Qual é a importância de Dalal Achcar para a sua formação como bailarina?
Dalal achcar é um grande nome na dança, passar pela sua escola é sempre um orgulho.
JP – Você se especializou no método Royal pela Washington School of Ballet. O que significa o método Royal? Qual foi a importância dessa especialização para a sua carreira?
É um dos métodos de ensino do balé clássico, assim como Vaganova (russo) e Royal (inglês). A técnica é universal com algumas diferenças entre os métodos russo, inglês, cubano, francês… mas a estrutura e a base desses métodos é a mesma.
JP – Quando você começou a se interessar pela dança?
Desde muito criança.
JP – Quais são as suas referências teóricas e práticas na arte de coreografar?
Sou fã da Pina Baush, não tem como não ser atravessada por sua arte. No olhar mais comercial admiro muito os precursores como Bob Fosse.
JP – O que é ser coreógrafa? Como você se define?
Gosto de usar direção de movimento e coreografia. Não trabalho somente com os passos ou uma técnica específica, entendo a dramaturgia. Busco dizer com o corpo e a cena o que o texto precisa expressar com suas sutilezas de estado. Assim entendo a criação.
JP – Quais são os tipos de espetáculo que você prefere coreografar?
Como boa geminiana, gosto de tudo! Kkk Gosto de teatro de prosa, musical e de um trabalho mais contemporâneo.
JP – Existem diferenças em coreografar para o teatro, cinema e televisão ou não? Justifique.
Existe sim, visto que o veículo é outro. Assim como a interpretação para audiovisual não deve ser tão intensa/ grande como para o teatro, o corpo cotidiano ocupa mais os veículos audiovisuais, enquanto o corpo teatral deve ser mais expandido no teatro e nas suas diferenças teatrais. O pensamento coreográfico também será diferente em relação a espaço e enquadramento, diferente do espaço global do teatro.
JP – Além de coreógrafa e bailarina, você começou também a dirigir espetáculos. Por que o interesse pela direção?
Acho que minha forma de atuar, coreografar sempre foi para além de passos da dança. Naturalmente eu entrava num projeto para coreografar e quando via já estava com o diretor, criando cena etc. Por isso, o título de diretora de movimento. E ai, como sou uma pessoa criativa, foi um caminho natural.
JP – Um dos seus trabalhos recentes e que está em cartaz é o musical Uma Babá Quase Perfeita. Como foi o processo de criação coreográfica para esse musical?
Musical exige muito. São muitos fatores juntos, coreografias grandes, com interpretação, canto e números longos que contam a história mas que devem estar dentro do padrão “glamour” que um musical da Broadway exige.
JP – Qual foi o significado de ter sido contemplada com o prêmio APTR 2024: DIREÇÃO DE MOVIMENTO no espetáculo “Beetlejuice”?
Um grande reconhecimento. Não esperava, pois já tinha ganho o APTR em 2020 pela direção de movimento do espetáculo “A Cor Púrpura, o Musical “, mas fiquei muito feliz com a premiação.