
Muitas pessoas que assistiram a novela “Vale Tudo” há 30 anos insistem em comparar os atores e atrizes da versão original com os atuais. Nessas comparações, quase sempre os personagens da primeira versão são vistos como superiores.
Percebo, nesse olhar, um saudosismo e uma certa resistência ao presente. Afinal, o tempo também passou para nós, o público, e a ideia de que “há 30 anos éramos melhores” permanece como uma crença do etarismo, quase inconsciente.
O ato de comparar, aliás, me provoca desconforto. Comparações constantes tendem a minar a autoestima, inibir a criatividade e interferir no desempenho em ações simples, como uma tarefa manual, ou em produções mais complexas, criando até mesmo conflitos familiares.
Eu, Odette — que por tantos anos carrego o apelido Roitman, torço para que a nova Odete provoque críticas pelos seus preconceitos, que suas falas equivocadas causem repulsa e que sua atuação, por mais diferente, seja reconhecida. Porque cada interpretação, boa ou não, é única. E é justamente nessa singularidade que reside a beleza de cada pessoa.