
Por Miguel Paiva
Tinha escrito sobre o poder nefasto dos celulares na vida da gente, mas fui interrompido pelas notícias terríveis sobre a chacina do Rio. Prudentemente resolvi segurar o celular e falar sobre as mortes. Tento controlar meu ânimo contra as autoridades do Estado do Rio. É muita desfaçatez agir do modo como agiram no meio de uma comunidade onde moram 400 mil pessoas, a grande maioria trabalhadores.
Relatos da comunidade indicam disparos na nuca de vários mortos. Não sabemos de fato o que aconteceu nem como. As imagens das câmeras dos policiais vão ser divulgadas? Espero. Espero também que a imprensa domesticada se comporte de modo profissional e comprometido com a verdade para perguntar coisas pertinentes ao governador Claudio Castro.
A comunidade acordou assustada ontem como vem acordando quase todos os dias com a presença de policiais de um lado e bandidos do outro. Alguém quis dizer que era uma guerra civil, mas uma guerra civil como diz o Jamil Chade pressupõe dois lados opostos que através da batalha tentam se impor um ao outro. Neste caso aqui temos dois grupos letais do mesmo lado e a população do outro pagando um preço bem alto.
Não é com a violência que vai se resolver o problema do tráfico de drogas e da violência. Nem chamando de Narcoterroristas os traficantes como fez o Diretor da Policia Civil do Rio repetindo o que diz o Donald Trump para justificar o bombardeamento dos barcos na Venezuela e na Colômbia. Claudio Castro se negou, junto com os outros governadores de direita a apoiar o PEC da Segurança Pública. Agora pede a ajuda de Lula na ação que ele nem mesmo informou ao governo federal. Oportunista como o fato de dizer que sua operação não é política. Vinda de um candidato ao Senado federal soa pelo menos estranha a declaração.
Claudio Castro é um fraco como político e como pessoa. Não o vejo capaz de comandar uma operação do tipo. Vejo como mais um ato da direita fascista para desestabilizar o Brasil e justificar uma atitude bélica mais contundente como está fazendo o Trump. Eles estão tentando. Claro que o problema do tráfico, das facções é grave. Mas o crime organizado não se combate com armas. O próprio nome diz que é organizado e não armado. Eles estão se formando em direito e em economia nas universidades. É preciso agir contra o dinheiro que entra, a lavagem, e a organização. A inteligência se faz necessária e não a violência.
A população continua morrendo e a polícia civil está preocupada com as pessoas que tiraram as roupas de alguns cadáveres para acusar a polícia pelo fato. Diante do extermínio isso é o de menos e enquanto as autoridades não lamentarem as mortes de todos não aceitaremos desculpas. E mais, enquanto as autoridades não pararem de matar a população antes de agir com inteligência não aceitarei desculpas. Queremos paz e não bala.





