
Rafael Balbi – Arquiteto – Colunista convidado.
A primeira vez que alguém conversou comigo sobre a Inteligência Artificial ( IA) foi a minha mãe, a arquiteta Maria Angélica Faria Vilela Viana). Ela falava sobre como os Chineses estavam na frente dessa tecnologia e como o mundo iria mudar com o avanço dela.
Isso foi antes do advento do Chat GPT, que ela não chegou a experimentar pois faleceu pouco antes, em 2022.
Em janeiro de 2023 eu estava na sala de estar da casa dos meus filhos, no México, e o mais velho tinha convidado uns amigos para conversar e beber.
Conversávamos sobre o mundo, a vida, as injustiças e a tecnologia que vai nos salvar ou nos enterrar de vez.
Foi quando um dos amigos do meu filho, me disse: O senhor viu o Chat GPT? Lançaram ontem!
Eu não sabia, mas ele era um cara muito especial e todo ligado em computação. Estava eu falando com um nerd da nova geração.
O senhor pode me emprestar o seu computador? – estava na mesa da sala – vou lhe mostrar- disse o amigo de meu filho.
Ele me pediu uns dados para o login e, depois, me disse: Pergunte aqui o que quiser…
Não me lembro da pergunta, mas eu me recordo que fiquei de queixo caído pela forma da resposta.
Era uma conversa! Eu estava conversando com uma máquina!
Fiquei perplexo, assim como a metade das pessoas do planeta… ainda era bem limitado o que aquilo podia fazer, mas logo percebia-se o potencial.
Começaram a surgir aplicações e aplicativos para todos os profissionais, desde escritores, pesquisadores e financistas até artistas plásticos e, finalmente para mim e os parceiros da minha profissão, os arquitetos.
Bem antes das conversas com minha mãe, desde 2005, eu comecei a usar um software para projetar em arquitetura.
O software utilizava muita programação e
computacional para facilitar e tornar mais precisa a geração de documentos para a construção – outro jeito de dizer desenhos arquitetônicos.
No meu entusiasmo com o software – que era novo e que ninguém usava ainda – hoje, tornou-se obrigatório – eu queria parametrizar tudo.
Fui trabalhar no Ministério da Educação do México e lá eu e minha equipe planejávamos a
Para isso, começamos a parametrizar dados como o tamanho da população, a faixa etária, a localização e a infraestrutura existente.
Isso para estabelecer que tipo de base educativa seria necessário construir.
Depois, começamos a parametrizar os programas arquitetônicos, que em linguagem coloquial querem dizer os requerimentos de espaço, em um edifício.
Fui, aos poucos, entendendo que, até esse ponto, meu trabalho de arquiteto era o de estabelecer os parâmetros.
Foi quando um dia, um amigo meu, pesquisador de matemáticas
Minha resposta foi rápida. Eu
Mas não ficaria nisso. Com os resultados processados, o software tinha que desenhar os espaços e dar algumas opções.
Houve uma resposta muito boa considerando as limitações dos alunos. Eles planejaram usar um software que a universidade havia desenvolvido
A semelhança da lapidação com
Claro. Lapidar um diamante tem menos questões subjetivas a serem consideradas do que um projeto de arquitetura. Tem menos fatores a considerar também. Mas, o princípio
É aí que os dois pontos de história se juntam às conversas de IA com minha mãe e ao advento de uma tecnologia que já vinha se desenvolvendo desde os anos 40 e começou a se propagar para além dos meios acadêmicos e científicos.
O software de lapidação de diamantes. já utilizava IA de uma
Nunca tive o privilégio ou a necessidade de definir um projeto de arquitetura com o suporte de IA.
Pouco a pouco – nem tão pouco a pouco assim – várias ferramentas de IA começaram a se infiltrar no meu cotidiano de trabalho. As ferramentas de geração de imagens realistas para que os clientes possam entender o projeto proposto se viram muito beneficiadas. Imagens que antes se fazia em horas agora se fazem em segundos ou mesmo em tem real.
Isso me permite, hoje, usar a visualização 3d realista como forma de trabalhar e decidir questões de projeto, não somente para apresentar o trabalho concluído. A IA promete livrar os arquitetos do trabalho repetitivo e tedioso que a projetação impõe.
Não olhamos com admiração chefs de cozinha cortando, com arte, vegetais em lâmina quase transparentes? Não admiramos a dedicação dos pintores, detalhando seus desenhos? Será que essa capacidade e disposição do artista ou artesão não falam e contribuem com o processo criativo?
Às vezes, a resposta será sim, por uma questão de eficiência. Mas eficiência não quer dizer eficácia.




