
Por Silvia Pinheiro – Advogada especializada em empreendimentos comunitários e biodiversidade – Colunista convidada. Os cortes nas doações e o negacionismo ambiental do governo Trump 2, somado à timidez de uma Europa, com prioridades n
É nesse contexto de mudanças que
Porém, as soluções de mercado não são as “balas de prata” que irão conter o desmatamento e reduzir emissões globalmente. Ao contrário, sozinhas, podem trazer riscos.
Chama a atenção o afastamento do Estado no exercício de suas atribuições e para o enfraquecimento de políticas públicas , de reconhecimento de áreas de proteção, demarcação de territórios indígenas e assentamentos da reforma agrária. Tais políticas que regulam destinações de florestas em abandono são conquistas de pequenos
agricultores e moradores das florestas, de anos de luta e de atuações conjuntas com as organizações não governamentais, com o apoio de setores da igreja católica. Também é preocupante a tentativa de transformação dos povos originários, das populações tradicionais e dos moradores das florestas,
Seus serviços são “valorados” por terceiros e por hectares de florestas precificados por metodologias que, possivelmente, desconsideram aspectos ineren
Pesquisa recente realizada pelo Mapeamento de empreendimentos de populações indígenas e tradicionais, fundos comunitários e organizações habilitadoras, com grupos de extrativistas e de agricultores em projetos de assentamento,
aponta que, da totalidade dos entrevistados, 51 foram abordados por investidores em créditos de carbono.
A maioria manifestou insegurança, e a necessidade de obtenção de mais informações, antes de firmar parcerias,
Somaram-se , a isso tudo, os projetos de restauração de áreas degradadas e de transição energética. Fora do espaço de negociação entre governos e empresas, estiveram os moradores das florestas dos nove países da bacia amazônica que tiveram, como reivindicação principal, a demarcação de territórios, a titulação e o reconhecimento legal de áreas de proteção. Foram demandas antigas sobre a homologação de áreas de floresta aos indígenas, ribeirinhos e
Sob a argumentação de escassez de recursos para preservação d
A tese é apostar na rentabilidade do fundo enquanto fonte perene de recursos voltados à manutenção das florestas tropicais do planeta, em pé. Para o TFFF ser atrativo e de baixo risco para os investidores privados, os governos interessados na preservação de florestas tropicais foram incentivados a aportar e investir. Tais aportes de recursos governamentais foram em volume suficiente para encorajar o setor privado a fazer o mesmo.
A rentabilidade do fundo remunera , em primeiro lugar, os governos e empresas que investiram, e, do saldo restante, 80% destinam-se aos governos dos países com florestas que comprovaram a redução da derrubada, no ano anterior. Os outros 20%, diretamente, foram direcionados às populações tradicionais e indígenas.
Países com florestas são soberanos para decidirem no que investir, mas espera-se que, preferencialmente,
Mas, a permanência do TFFF e de sua credibilidade tem a ver com o atendimento das demandas dos povos que vivem nas florestas. Assentar, demarcar e titular são condições para o apaziguamento de conflitos fundiários com redução do desmatamento. Que as soluções de mercado não posterguem as dívidas sociais pendentes de soluções simples, e que a COP 30 seja reconhecida, por “mutirão” de atores públicos, privados e do terceiro setor, que ouviu dos povos originários e tradicionais suas alternativas




