
Estreou Madama Butterfly, de Giacomo Puccini, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ).
Com o coro e a orquestra sinfônica do Theatro Municipal.
A concepção e direção cênica é de Pedro Salazar, caracterizando-se por ser sensível, cuidadosa e atenta a detalhes. Ele nos levou ao Japão arrasado e destruído do contexto pòs-1945. É nesse universo devastador, num cenário realista lúgubre e pouco iluminado, marcado pela pobreza e precariedade, que acontece a Madama Butterfly.
A direção musical e regência é de Alessandro Sangiorgi.
Para o sucesso geral da récita, em muito contribuiu a regência de Sangiorgi, com um notável desempenho, conseguindo manter o equilíbrio entre a orquestra, os cantores e o coro.
A montagem teve também seu ápice numa acertada escolha dos cantores e uma elegante interpretação do coro.
O grande destaque da apresentação foi a soprano Eiko Senda, que fez Cio Cio San. Desde o início até a cena final, Senda construiu uma notável interpretação, segura, personalidade vocal, que teve alguns momentos de grande emoção, como o dueto com Pinkerton no primeiro ato; o dueto com Suzuki no segundo ato; e a cena da leitura da carta de Pinkerton. Também pelo desempenho de Senda, o segundo ato foi o ápice do espetáculo.
A cena final, quando Cio Cio San se mata com uma facada, foi extremamente impactante e emocionante!
Pinkerton foi interpretado com propriedade pelo tenor Matheus Pompeu, que também realizou uma interpretação perfeita, com uma voz robusta e imperiosa. Ele atua, no primeiro ato, sem o quepe.
Outra solista que chamou a atenção foi a mezzo-soprano Luciana Bueno, que fez uma convincente Suzuki, com bonita voz e boa atuação cênica.
O barítono Inácio de Nonno fez Sharpless. Foi bem, embora dele se esperava mais. Faltou entusiasmo, frio, voz baixa.
Completaram o elenco de forma correta Geilson Santos como Goro; Murilo Neves como Bonzo; Fernando Lorenzo como Yamadori; Mariana Gomes como Kate Pinkerton; e, finalmente, Flavio Mello como comissário.
Os figurinos de Marcelo Marques são bonitos, corretos, adequados e de bom gosto. Os figurinos orientais do primeiro ato, as gueixas, e os familiares de Cio Cio San primam pela excelente reconstituição de trajes. Os figurinos não são luxuosos. Todos são simples.
A cenografia criada por Renato Theobaldo é única, bonita, realista e bem planejada. Apresenta um bairro japonês do pós-1945, todo destruído pela guerra, e pela bomba atômica, com vidros das janelas estilhaçados, entulhos, iluminação precária. Aparece a moradia simples de Cio Cio. Nessa ambientação cênica de terras nipônicas marcada pela pobreza e tom lúgubre que a ópera acontece.
A iluminação de Paulo Ornellas é boa, e eficiente.
Há um casamento perfeito entre figurinos, cenografia e iluminação, formando um conjunto harmonioso e equilibrado.
Excelente produção de ópera!
Foto Daniel Ebendinger






