
As obras mais recentes produzidas por Paiva Brasil, durante os últimos dois anos em que ficou isolado em seu atelier, foram reduzidas a poucas formas e a poucas cores, trazendo a síntese dos seus trabalhos de longos anos, buscando a simplicidade e a delicadeza na geometria com o máximo de expressão. São 22 quadros-objetos, a maioria deles em pequenos formatos, todos constituídos de módulos coloridos que se acoplam, como num jogo de armar e desarmar, soltos no espaço, como pequenas pipas, que anseiam por voar, que ficarão expostos, na Galeria Patrícia Costa, a partir do dia 1º de setembro. Ao longo de seus 65 anos de carreira, Paiva Brasil, morto recentemente, desenvolveu um trabalho singular, onde se pode ressaltar a economia de elementos, as curvas e as retas, tirando desses elementos o máximo de possibilidades lúdicas. Com esses trabalhos realizou várias exposições individuais, e inúmeras exposições coletivas, obtendo vários prêmios. Suas obras fazem parte de grandes coleções, tais como a de Gilberto Chateaubriand, Museu Nacional de Belas Artes, MAM de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, dentre outros.
Sobre esses últimos trabalhos, todos inéditos, apresentados nesta exposição na Galeria Patrícia Costa, são ressaltados pelo curador Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho a essência “lúdica” da obra de Paiva Brasil:
“Em 70 anos de pintura o artista Paiva Brasil nunca deixou de surpreender, seja pela delicadeza de suas formas, seja por suas inusitadas combinações e justaposições de cores. Originário de nossa primeira geração construtiva do Brasil, aluno de Samson Flexor e Santa Rosa, frequentador dos cursos de pintura no Museu Arte Moderna do Rio de Janeiro e desenho no Liceu de Artes e Ofícios na década de 1950, Paiva construiu um léxico próprio, independente, sem se filiar a grupos ou instituições. Elaborou uma obra ímpar onde, além da ressignificação das palavras e dos números, em especial sua “Homage” ao algarismo cinco, produziu objetos interativos e articulados como seus “Vertebrados”. Ao espectador sempre reservou o direito da escolha, a opção de manipular, ora no exercício do olhar, ora na ação táctil. Permitiu que sua criação fluísse junto ao desejo de quem observa e contempla”.