
Experimentar o papel de diretor é um caminho comum a muitos atores. Se revelar estar à altura dessa tarefa é uma satisfação que poucos alcançam em suas carreiras. Dividir-se entre atuar e dirigir um longa-metragem exige algo além de muito talento. O comprometimento com tudo que um set de filmagem impõe é desafiador e se colocar a filmar a si mesmo, cobra um preço alto de muitos que se oferecem a essa oportunidade. E o custo disso nem sempre está identificado entre o sucesso ou o fracasso, simplesmente.
Bradley Cooper, se permitiu, mais uma vez, se aventurar nessa experiência em Maestro.
O filme destaca uma das histórias de amor mais intensas e complexas do mundo das artes nos EUA. Felícia Montealegre, interpretada por uma arrebatadora Cary Mulligan, enxergava além de quem Leonard Bernstein (Bradley Cooper) poderia ser. Sua compreensão da genialidade do talentoso condutor atravessou décadas de uma relação regida de forma particular pelos dois. Do início adagio, mas logo allegro, numa fotografia de planos estonteantes em preto e branco, as transições no filme transmitem bem o quanto esses dois viveram juntos. A chegada das cores em tela, deixa de lado um pouco da poesia, revelando a realidade de uma vida fora dos palcos, dentro de casa, além dos aplausos. Se afastando do começo de um amor vivace que sempre esteve distante de ter uma fermata a se agarrar.
Cooper se entrega na caracterização de um tipo chamado de pop desde muito antes dessa expressão ganhar o significado que tem hoje. Um compositor que alcançou um reconhecimento extraordinário no universo europeu da música clássica. Da trilha de Amor, Sublime Amor de 1961, passando pela série televisionada, Concertos para os Jovens, Bernstein tem uma função singular na formação de diversos músicos estadunidenses. Maestro, disponível na Netflix, é um filme nascido para participar da chamada temporada de prêmios de Hollywood. E é justo o considerar como um empolgante novo capítulo de uma carreira cinematográfica promissora. Além de especular o que virá no futuro para esse experiente ator, cada vez mais dedicado em dirigir, talvez sentado em caixas de maçã. Nenhuma cadeira foi creditada nas locações dessa produção.