
Minha convidada dessa semana flutua na Marquês de Sapucaí ao lado do mestre-sala Julinho Nascimento. Formada em Moda ela revela que tem dois grandes planos para 2024 na área profissional, mas agora o assunto é Carnaval. Minha entrevistada já passou por importantes escolas do grupo especial e é porta-bandeira da GRES Unidos do Viradouro desde 2018. Rute Alves me recebeu para um bate-papo alegre, espontâneo e contagiante. Confira!
JP – Olá Rute! Onde você nasceu? Como foi a sua Infância e adolescência?Eu nasci no município de Nova Iguaçu, filha de militar da Marinha e mãe nordestina analfabeta. Tive uma infância rígida, mas feliz. Após o desencarne deles que aconteceram respectivamente quando eu tinha 8 e 9 anos, fui ser criada por uma irmã mais velha. JP – Como se deu a sua formação como porta-bandeira? Quais foram os seus mestres?
Entrei em agosto de 1996 na escola de formação para mestres salas e porta bandeiras do mestre Manoel Dionísio. Lá tive aprendizado com grandes nomes da área como Soninha, Porta bandeira da Mocidade Independente de Padre Miguel; Irene, da Portela; e Rita, do Salgueiro. Porém, minha grande referência ídola é Maria Helena, que defendeu por décadas o pavilhão da Imperatriz Leopoldinense.
JP – Qual é a função da porta-bandeira num desfile de escola-de-samba?Apresentar com maestria o símbolo maior de uma agremiação. No caso da primeira, defender dentro de algumas exigências as notas máximas para sua agremiação perante 3 (três) cabines julgadoras, sendo uma com dois jurados e as demais com um jurado cada. JP – No seu ponto de vista, como você caracteriza o “bailar” de uma porta-bandeira?
JP – Para uma porta-bandeira ser nota dez, alcançar a excelência, há a necessidade de todo um processo de preparação que ocorre durante o ano todo. Como se dá o seu processo de preparação?
Sim, o nível que as escolas alcançaram hoje, exige uma preparação física e técnica que ocorre por quase todo o ano.
Em junho eu começo a ensaiar com a nossa ensaiadora Juliana Meziat, que fez parte por décadas do grupo Corpo e hoje é coordenadora da escola de balé Pétit Dance, com um professor de contemporâneo Nelson Pacheco quem fez parte do grupo de Débora Colker e também foi professor na unidade, hoje é um dos professores da Pétit Dance.
Em agosto começo a preparação física que é muito específica para o meu tipo de dança com o preparador também da seleção masculina de futebol de areia e de vários jogadores de futebol, Bruno Germano. E em janeiro, para onde estou indo nesse momento, fisioterapia (faço três vezes na semana), regenerativa e preventiva.JP – Em sua trajetória, quais foram as agremiações do carnaval carioca pelas quais você já passou? Quais foram as vitórias que mais te marcaram?
Comecei já como primeira porta bandeira em 1997 na São Clemente, ano seguinte fui para Portela, depois Porto da Pedra, Salgueiro, Vila Isabel, Unidos da Tijuca, e desde o carnaval de 2018 na Unidos do Viradouro.
Não tenho como destacar uma ou outra vitória. Todas são muito impactantes, inesquecíveis e significativas.
Fui campeã na Porto da pedra, Vila Isabel por três vezes, Unidos da Tijuca, e Viradouro. JP – Qual é a importância para um sambista receber o Estandarte de Ouro?Realmente é o nosso Oscar! Todos os profissionais que concorrem ficam na expectativa de saber se o seu nome foi o escolhido. Eu particularmente, não durmo na terça feira de carnaval até saber qual foi a porta bandeira escolhida. Não posso afirmar que é o sonho de todo sambista, mas posso afirmar que é um dos meus em todo carnaval.
JP – Além de ser porta-bandeira, você também é figurinista. Como tem se dado a sua atuação nessa área?
Sou formada em moda e pós graduada em historia da arte. Sempre sonhei e fui fascinada pelos figurinos. Tenho feito alguns trabalhos, menos do que gostaria, por causa do tempo que é exigido para uma porta bandeira, mas para esse ano já estou estudando dois grandes projetos para serem realizados.