Estreou Tom Jobim Musical no teatro Casa Grande.
É uma super produção, com sofisticados figurinos, cenários, e iluminação. A direção é de João Fonseca. A realização é da Bônus Track e Bárbaro! Produções.
O musical é uma homenagem ao compositor Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, popularmente conhecido como Tom Jobim.
O musical é biográfico, poético, emocionante, melodioso, e potente, uma comovente homenagem a um dos maiores nomes da música popular brasileira, que teve uma carreira internacional, sendo reconhecido no mundo inteiro.
A dramaturgia de Nelson Motta e Pedro Brício coloca Vinícius de Moraes como o narrador, o parceiro de vida e composição de Tom. Ele apresenta toda a biografia do maestro, a sua importância para a música brasileira, com a criação, emergência e consolidação da chamada Bossa Nova.
A narrativa se inicia aos dezesseis anos de idade de Tom, e daí prossegue pelos principais marcos da sua trajetória. Destaca Orfeu da Conceição, que se tornou peça de teatro e filme, e a música Chega de Saudade. Recorda também Garota de Ipanema, e Águas de Março. Sublinha a importância dos bairros do Leblon e Ipanema, e seus bares, onde Tom e seus amigos se encontravam. Lembra outros personagens da música e da sociedade desse período como Elza Soares, Jair Rodrigues, Joao Gilberto, Helo Pinheiro, Johnny Alf, entre outros. Destaca a trajetória internacional de Tom e a sua residência nos EUA. Os grandes shows, como o do Carneggie Hall, realizado junto com Frank Sinatra. Sublinha a preocupação do músico com a ecologia. Portanto, toda uma trajetória de vida narrada de forma linear e coerente, enfatizando os aspectos principais da trajetória do maestro.
A narrativa biográfica é atravessada pela musicalidade do espetáculo, com cerca de trinta canções que apresentam letras poéticas e melodiosas. Os grandes sucessos estão todos presentes. Pois são as canções que Tom deixou como legado que são o fio condutor do musical. Um deleite ouvi-las!
O ator Otávio Müller faz um correto e divertido Vinícius de Moraes. A caracterização está perfeita. Ele se movimenta por todo o palco, senta na banheira, narra a vida de Tom, de forma descontraída, bem bonachão.
Por sua vez, Elton Towersey nos apresenta de forma notável a grandiosidade do maestro e compositor Tom Jobim. gala, erudito e popular, nacional e internacional, boêmio, preocupado com a preservação da natureza, apaixonado pela cidade do Rio de Janeiro, entre outras características.
Tom e Vinícius estão juntos e misturados. A dramaturgia deixa transparecer que um não pode ser compreendido separado do outro. São duas trajetórias diferentes e sucessivas, mas que se confundem. Um escrevia. O outro musicalizava os poemas e letras.
Vinícius subiu para o andar de cima antes de Tom. Mas, no musical, ele retorna para narrar a trajetória completa do parceiro.
E não podemos deixar de registrar que os dois são nascidos na cidade do Rio de Janeiro! É um musical que se passa nos bairros de Ipanema e Leblon, nos seus bares, nas suas praias, da “Garota de Ipanema”, nos anos de cinquenta e sessenta do século passado. É carioca!
Os demais integrantes do elenco complementam e mantem o alto nível de atuação daqueles que já foram comentados. Cantam, dançam e interpretam muito bem.
Destaco a interpretação de Analu Pimenta como Elza Soares; Thainá Gallo como Elis Regina; e, Lucas da Purificação como Jair Rodrigues numa interpretação contundente do cantor.
O elenco também apresenta uma boa movimentação, e bonitas e bem elaboradas coreografias criadas por Gabriel Malo e Bárbara Guerra.
A direção é de Joao Fonseca, que de forma competente, realizou as marcações necessárias e corretas para o desenvolvimento do musical.
Os figurinos criados por Theodoro Cochrane sao bonitos, de bom gosto, coloridos, e adequados ao contexto dos anos cinquenta e sessenta do século passado.
A cenografia criada por Natália Lana e e Nello Marrese é grandiosa, bonita e arrojada. Ela é constituída por objetos como cadeira, mesa, banheira, piano, entre outros. Uma estrutura em tom amarelo foi montada na parte traseira do palco para alocar os músicos da orquestra que acompanham os atores. Ademais, há também uma espécie de telão constituído por um conjunto de fios que desce do texto e exibe projeções e vídeo.
A direção musical é de Thiago Gimenes, que selecionou e nos brindou com as melhores canções de Tom.
O conjunto de músicos dão uma sonoridade ímpar ao espetáculo. Estão afinados e sintonizados com o elenco.
A iluminação criada por Caetano Vilela é bonita, adequada, e realça a apresentação dos personagens em suas respectivas cenas.
Tom Jobim é um mega espetáculo, com uma super produção; apresenta um elenco forte e talentoso; e cenários, figurinos e iluminação de bom gosto, criativos e de alta qualidade.
