
Em 1907, um jovem chamado Ernst Lanzer, atormentado por seus pensamentos, foi atendido pelo psicanalista Sigmund Freud. As bem-sucedidas sessões de análise deram origem ao célebre estudo clínico “O Homem dos Ratos”, que Freud apresentou no Primeiro Congresso de Psicanálise, em Salzburg, em 1908. Com direção, dramaturgia e atuação de Antonio Quinet, da Cia. Inconsciente em Cena, o espetáculo inédito “Freud e o Homem dos Ratos” estreia em 27 de março, no Teatro Vannucci, com sessões sempre às quintas, às 20h30 até 8 de maio. Além de Quinet, no papel de Freud, está em cena o ator Igor O. Coelho, interpretando o paciente Lanzer.
A peça transcorre no consultório de Freud, onde o público acompanha as sessões de análise com Ernest Lanzer, um rapaz de 30 anos atordoado e infeliz, que sofre de pensamentos obsessivos ligados a uma tortura com ratos. Muitas dúvidas o afligem, especialmente em relação a com quem deve se casar: a mulher que ama, mas proibida pela família; ou a prima rica que trará fortuna para gerir os negócios familiares. Por outro lado, ele tem uma relação problemática com um pai jogador, libertino e cruel, a quem odeia, teme e, paradoxalmente, ama. Seus sintomas e angústia o tornaram incapacitado para o trabalho e para o relacionamento amoroso.
“É a primeira vez que esse caso de Freud é transformado em espetáculo teatral. É um caso muito interessante e difícil de neurose obsessiva. O que a psicanálise mostra nesse caso é que não se tratam de transtornos isolados, mas um quadro clínico que a psicanálise estuda e trata, é o deciframento do inconsciente”, diz Quinet. “Repleto de cenas oníricas, o espetáculo leva o público para dentro da mente do paciente, revelando memórias da infância, sonhos e o mundo das fantasias. Assim no espetáculo a cena da realidade do consultório se transforma no palco da Outra cena do inconsciente. Junto com o espectador, Freud decifra e interpreta os sintomas que tanto angustiavam o jovem Ernst. É uma peça bastante plástica, com imagens do inconsciente, que transforma o caso em uma obra de arte”, adianta Quinet.