
Junto de tudo que se destaca na vida da personagem de A Única Mulher na Orquestra (Netflix), está uma motivação adorável. Molly O’Brien sempre teve uma admiração enorme por sua tia. Seu apreço pela irmã de seu pai a encorajou a realizar esse perfil de uma artista que, se pudesse, teria executado seu ofício de forma secreta. Pioneira em uma das orquestras mais famosas do mundo, Orin O’Brien é uma musicista que forjou um caminho para diversas outras colegas. Ingressou na prestigiada Filarmónica de Nova York em 1966, sob condução do lendário Leonard Bernstein e por lá seguiu por mais de cinco décadas, como uma das contrabaixistas mais talentosas da instituição. Em um recorte de pouco mais de meia hora, Molly mostra a rotina de sua maior inspiração. E relembra as inúmeras reportagens machistas que ignoraram o talento da primeira mulher a se juntar a um grupo tão renomado de músicos, tão logo ela chegou ao palco do Lincoln Center.
As mudanças na vida da octogenária professora que segue formando instrumentistas e perpetuando a história do contrabaixo que tanto ama, se apresentam numa montagem espontânea e carinhosa. Cuidadosamente, a sobrinha de Orin compartilha o seu dia a dia e resgata memórias nessa bela produção motivada por muito apreço. Uma reverência a alguém que sempre valorizou a discrição e que se dedicou a se aperfeiçoar, ao máximo, junto de alguns dos grandes nomes da música clássica. Vencedor do Oscar de melhor Documentário em Curta-Metragem de 2025, A Única Mulher na Orquestra é um testemunho amoroso e familiar de uma artista para outra.