
Uma pesquisa científica publicada em 2025 traz esperança para quem convive com a candidíase de repetição — problema que impacta a saúde íntima e a qualidade de vida de muitas mulheres.
O estudo avaliou 167 pacientes que passaram por quatro sessões de laser íntimo, com intervalos mensais, e foram acompanhadas por nove meses. O resultado? Uma redução significativa dos sintomas e das crises, apontando essa tecnologia como uma aliada promissora no combate ao problema.
De acordo com os dados, 86% das participantes relataram estar satisfeitas ou muito satisfeitas com a melhora de incômodos como ardor, coceira, dor na relação, desconforto ao urinar e corrimento. Além disso, 64% eliminaram completamente o fungo da cândida, e a prevalência da infecção caiu de 100% para apenas 30% após o tratamento.
O laser atua promovendo regeneração da mucosa vaginal, melhorando a lubrificação, o equilíbrio da flora e fortalecendo as defesas locais. Isso torna o ambiente menos favorável para o crescimento do fungo, ajudando não só a aliviar os sintomas, mas também a reduzir as recorrências.
Vale lembrar que o tratamento com laser não dispensa a avaliação médica e, na maioria dos casos, é utilizado como complemento às abordagens tradicionais — como uso de antifúngicos, ajustes hormonais e cuidados com alimentação e estilo de vida. Cada caso precisa ser avaliado individualmente por um ginecologista.
Conversamos com o ginecologista Guilherme Henrique dos Santos, da Onne Clinic (RJ) sobre o tema. Confira!
JP – O laser pode ser indicado já nas primeiras crises ou apenas nos casos de candidíase recorrente?
Pode sim ser realizado nos primeiros episódios de candidíase, mas não é indispensável. Episódios ocasionais podem acontecer durante a vida da paciente, em média 1-2x ao ano, e a utilização de medicações convencionais, na grande maioria dos casos, resolve as infecções, sem a necessidade de realizar o laser. A indicação de laser é mais para os casos de candidíase de repetição (3 ou mais episódios ao longo de 1 ano).
JP – Existem riscos ou efeitos colaterais associados a esse tratamento?
Não, quando aplicado da forma correta, por um profissional capacitado e experiente, não apresenta riscos.
JP – Como o laser atua na prevenção das crises?
O laser vai potencializar a melhora da flora vaginal para condições saudáveis e auxilia na destruição do fungo da candida resistente. Além de criar canalículos na mucosa vaginal, que aumentam a área de absorção de medicações específicas que aceleram o processo no combate ao fungo da candida.
JP – Mulheres na menopausa ou com atrofia vaginal se beneficiam ainda mais desse protocolo?
Sim, ajustando os parâmetros do laser, conseguimos na mesma sessão tratar a candidíase e os sintomas da menopausa.
JP – O que mais pode ser feito, além do laser, para equilibrar a flora íntima e evitar novas infecções?
Mudança de hábitos do dia a dia, alimentares e de higiene são cruciais para manter a flora vaginal saudável. Além do bom funcionamento do intestino, está diretamente relacionado aos episódios de candidíase de repetição. Como tratamentos alternativos, temos a utilização de medicações mais específicas, lactobacillus vaginais e orais e imunoterapia.
JP – Os resultados desse estudo de 2025 indicam uma eficácia bastante relevante. Na sua prática clínica, já é possível perceber esse mesmo padrão de resposta nas pacientes que fazem o tratamento com laser para candidíase de repetição?
Sim, tenho ótimos resultados para candidíase de repetição com utilização de laser. É um dos tratamentos que mais realizo atualmente no consultório.