
Por Arlindenor Pedro – Professor de História, Filosofia e Sociologia, editor do Blog, Revista Eletrônica e canal YouTube Utopias Pós Capitalistas.No momento em que escrevo, o COP de Belém já começou. Mais uma cúpula climática da ONU que se apresenta como palco de esperanças e promessas de soluções para a crise ambiental que assombra a humanidade. Líderes políticos, empresários, especialistas e ativistas se reúnem para debater o destino do planeta. Contudo, por trás dos discursos bem articulados, dos compromissos assinados e dos painéis tecnológicos, permanece um silêncio ensurdecedor: O da impossibilidade de salvar o mundo, sem romper com a forma social que o está destruindo.
Cada vez fica mais claro que a destruição ambiental não é um acidente ou uma falha de planejamento. Ela é o resultado direto de uma lógica que organiza toda a vida social com base na produção incessante de valor. O fato é que se produz para satisfazer necessidades reais, e estas necessidades não são da humanidade.
Cada vez fica mais claro que a destruição ambiental não é um acidente ou uma falha de planejamento. Ela é o resultado direto de uma lógica que organiza toda a vida social com base na produção incessante de valor. O fato é que se produz para satisfazer necessidades reais, e estas necessidades não são da humanidade.
Produz-se para alimentar um movimento automático que submete tanto a natureza quanto os seres humanos. As florestas, os rios, os oceanos e o clima são tratados como peças substituíveis e infinitas, quando, na verdade, constituem o limite absoluto da existência. Um perigo real que põe em cheque nossa sobrevivência!
Ao mesmo tempo, vivemos uma fase onde os Estados Nacionais já não funcionam como mediadores dos interesses coletivos. Eles foram absorvidos e subordinados às oligarquias financeiras, aos conglomerados industriais e às empresas de tecnologia que operam em escala global. O exemplo mais visível é a administração Trump nos EUA. A lógica governamental passou a girar em torno da competição econômica entre países, da abertura de novos territórios à exploração e da administração da escassez. As grandes plataformas digitais reconfiguram a vida cotidiana, controlam fluxos de informação e direcionam comportamentos, instaurando uma governança algorítmica que não precisa de legitimidade democrática.
O quadro se torna ainda mais sombrio, ao observar o projeto político suicidário, protagonizado pelas novas direitas extremas. Ao contrário de uma postura conservadora que tenta manter a ordem existente, essa corrente opera com a convicção de que o fim está próximo. Longe de recuar, ela aposta no acirramento das contradições, no colapso das instituições e na destruição das formas de convivência. Essa estratégia não é um erro de cálculo, mas uma escolha deliberada. Ela antecipa a catástrofe e se posiciona para governar o mundo depois do colapso, quando a política tradicional já tiver ruído e o desespero dominar os corpos e as mentes.
É nesse cenário que a COP de Belém ocorre. A retórica será de cooperação internacional, proteção da natureza e futuro sustentável. Mas os mecanismos reais continuarão presos à dinâmica da valorização. Serão propostos fundos, pacotes de investimentos, mercados de carbono e projetos de bioeconomia que perpetuam a ideia de que a natureza deve ser explorada, ainda que com métodos supostamente mais eficientes. A promessa será verde. A realidade será cinza e tóxica!
O fato é que a humanidade já não consegue imaginar uma saída fora dos limites impostos pela forma social que a consome. Todas as alternativas discutidas permanecem confinadas à lógica da valorização. Os mercados de carbono, os fundos de investimento climático, as certificações ambientais são somente formas de transformar a catástrofe em oportunidade de negócios. A destruição da natureza torna-se rentável. A morte é convertida em número. Infelizmente, é mais fácil pensar no fim do mundo do que se pensar e se mobilizar contra o inimigo central da humanidade: O capitalismo!
Esse bloqueio não é somente material, mas simbólico. Como nos relacionamos com o mundo natural está marcada por uma separação profunda. A natureza é tratada como exterior, irracional, passiva. Ela é dominada, explorada, submetida às exigências de uma racionalidade que se afirma como universal. Mas essa racionalidade não é neutra. Ela foi moldada por uma estrutura histórica que dissociou o sensível do racional, o feminino do masculino, a vida concreta da abstração econômica.
Por isso, a crise ecológica não pode ser resolvida por meio de reformas superficiais. Ela exige uma transformação radical, que passe pela superação das categorias que sustentam a ordem vigente. Não se trata de moralizar o consumo ou de culpar os indivíduos, mas de compreender que o modo como produzimos, nos relacionamos e existimos está baseado em uma lógica que não reconhece o valor da vida em si.
Enquanto a sociedade continuar funcionando, segundo a necessidade de produzir valor e realizar lucro, todas as tentativas de frear o colapso serão somente formas de administrá-lo. A COP de Belém poderá produzir discursos eloquentes e acordos solenes, mas se não questionar a estrutura que nos trouxe até aqui, será somente mais um episódio na longa marcha rumo ao fim.
É tempo de romper com a forma social que nos conduz ao desaparecimento. Não para voltar ao passado, ou idealizar comunidades perdidas, mas para inventar novas formas de vida que não estejam submetidas à lógica da mercadoria. Isso exige coragem teórica, política e existencial. Porque diante do abismo, não basta administrar o desastre. E muito menos acelerá-lo. É preciso interromper o curso que nos conduz ao desaparecimento.
Ao mesmo tempo, vivemos uma fase onde os Estados Nacionais já não funcionam como mediadores dos interesses coletivos. Eles foram absorvidos e subordinados às oligarquias financeiras, aos conglomerados industriais e às empresas de tecnologia que operam em escala global. O exemplo mais visível é a administração Trump nos EUA. A lógica governamental passou a girar em torno da competição econômica entre países, da abertura de novos territórios à exploração e da administração da escassez. As grandes plataformas digitais reconfiguram a vida cotidiana, controlam fluxos de informação e direcionam comportamentos, instaurando uma governança algorítmica que não precisa de legitimidade democrática.
O quadro se torna ainda mais sombrio, ao observar o projeto político suicidário, protagonizado pelas novas direitas extremas. Ao contrário de uma postura conservadora que tenta manter a ordem existente, essa corrente opera com a convicção de que o fim está próximo. Longe de recuar, ela aposta no acirramento das contradições, no colapso das instituições e na destruição das formas de convivência. Essa estratégia não é um erro de cálculo, mas uma escolha deliberada. Ela antecipa a catástrofe e se posiciona para governar o mundo depois do colapso, quando a política tradicional já tiver ruído e o desespero dominar os corpos e as mentes.
É nesse cenário que a COP de Belém ocorre. A retórica será de cooperação internacional, proteção da natureza e futuro sustentável. Mas os mecanismos reais continuarão presos à dinâmica da valorização. Serão propostos fundos, pacotes de investimentos, mercados de carbono e projetos de bioeconomia que perpetuam a ideia de que a natureza deve ser explorada, ainda que com métodos supostamente mais eficientes. A promessa será verde. A realidade será cinza e tóxica!
O fato é que a humanidade já não consegue imaginar uma saída fora dos limites impostos pela forma social que a consome. Todas as alternativas discutidas permanecem confinadas à lógica da valorização. Os mercados de carbono, os fundos de investimento climático, as certificações ambientais são somente formas de transformar a catástrofe em oportunidade de negócios. A destruição da natureza torna-se rentável. A morte é convertida em número. Infelizmente, é mais fácil pensar no fim do mundo do que se pensar e se mobilizar contra o inimigo central da humanidade: O capitalismo!
Esse bloqueio não é somente material, mas simbólico. Como nos relacionamos com o mundo natural está marcada por uma separação profunda. A natureza é tratada como exterior, irracional, passiva. Ela é dominada, explorada, submetida às exigências de uma racionalidade que se afirma como universal. Mas essa racionalidade não é neutra. Ela foi moldada por uma estrutura histórica que dissociou o sensível do racional, o feminino do masculino, a vida concreta da abstração econômica.
Por isso, a crise ecológica não pode ser resolvida por meio de reformas superficiais. Ela exige uma transformação radical, que passe pela superação das categorias que sustentam a ordem vigente. Não se trata de moralizar o consumo ou de culpar os indivíduos, mas de compreender que o modo como produzimos, nos relacionamos e existimos está baseado em uma lógica que não reconhece o valor da vida em si.
Enquanto a sociedade continuar funcionando, segundo a necessidade de produzir valor e realizar lucro, todas as tentativas de frear o colapso serão somente formas de administrá-lo. A COP de Belém poderá produzir discursos eloquentes e acordos solenes, mas se não questionar a estrutura que nos trouxe até aqui, será somente mais um episódio na longa marcha rumo ao fim.
É tempo de romper com a forma social que nos conduz ao desaparecimento. Não para voltar ao passado, ou idealizar comunidades perdidas, mas para inventar novas formas de vida que não estejam submetidas à lógica da mercadoria. Isso exige coragem teórica, política e existencial. Porque diante do abismo, não basta administrar o desastre. E muito menos acelerá-lo. É preciso interromper o curso que nos conduz ao desaparecimento.





