
Em uma tacada vários acertos, a começar pelos homenageados referências para o teatro brasileiro. Aderbal Freire Filho e Gláucio Gill. Trata-se do espetáculo ‘Show do Gláucio apresenta o teatro aberto de Aderbal’.
Encerrando bem sucedida temporada essa semana com direito a sessões extras, a preços populares, a encenação acontece no teatro Gláucio Gill, palco de memoráveis espetáculos e local onde Aderbal esteve com sua troupe por mais de vinte anos consecutivos, catalisando inúmeros profissionais e formando plateia.
Aderbal dedicou sua vida ao teatro, criando, pensando, dirigindo, formado gente de teatro. Cearense se mudou para o Rio de Janeiro em 1970, aqui iniciou seus primeiros passos e firmou uma bem sucedida carreira que despontou em países da América do Sul e da Europa. Foram inúmeros trabalhos de reconhecimento, sobretudo, a criação do grupo Centro de Demolição e Construção do Espetáculo. Entendendo o real oficio do ator, do dramaturgo, dos criativos e a importância da preservação da história esteve à frente da SBAT- Sociedade Brasileira de Autores Teatrais-, até sua morte, lutando em prol da instituição, que segue precisando de atenção para sua manutenção. Realizou mais de 60 espetáculos em quase cinco décadas de carreira.
O outro homenageado é Gláucio Gill também um homem de front, um bicho de teatro. Foi um dos maiores comediógrafos do país, precursor dos talk shows, ao se tornar apresentador do programa ‘Show da Noite’, pela rede Globo de Televisão.
Morreu muito jovem aos 32 anos de ataque cardíaco fatal apresentando um de seus programas. Apesar de sua morte precoce, fez história no teatro como autor e dramaturgo com obras até hoje encenadas.
O espetáculo com dramaturgia muito criativa, com uso de metalinguagem, apresentando o show do Gláucio Gill onde recebe Aderbal. Na entrevista são lembrados importantes artistas já mortos como Camila Amado, Ney Latorraca, Domingos de Oliveira, entre outros, e claro, a trajetória de Aderbal. A encenação evidencia o jeito e estilo de cada um.
Um ponto muito acertado da peça são as imagens projetadas com pessoas e lugares e situações de época. Uma bela recordação.
No elenco Cláudio Mendes interpreta Gláucio Gill, Marcelo Escorel Aderbal e completa o elenco Ana Barroso, Carmen Frenzel, Thiago Justino e Xando Graça. Formam um time de excelente química em cena, nos fazendo embarcar mais do que na história dos homenageados, mas em uma saudosa época do teatro brasileiro, assim como, celebrar outros grandes ícones. Cláudio e Escorel fazem uma dupla cênica que ajuda a conduzir com fluidez o espetáculo além de valorizar as demais atuações.
Entre os acertos estão também a cenografia de Mina Quental com a reprodução de um set de programa de TV vibrante, Iluminação de Aurélio de Simoni e figurino de Luiza Fardi que indicam perfeitamente a época proposta à encenação, costurados a direção assertiva de Leonardo Netto.
Sem dúvida, uma peça amorosa, humorada e de valor histórico feliz e oportuno, além de homenagens merecidas.
Teatro Glaucio Gill
Praça Cardeal Arco Verde , s nº / Copacabana
Quarta a sexta-feira, às 20h. Sessões extras: dias 21, 27 e 28/02, às 18h.
Por Rogéria Gomes
teatroemcenanoradio@gmail.com